Este não é um texto com mais do mesmo. Isto porque já todos sabemos que o jornalismo está ameaçado. E das duas uma: ou de facto mais do que falar se encontram soluções ou então o caso é mesmo muito delicado.
Os leitores só sentirão verdadeiramente a falta desta ferramenta estrutural da democracia se ela um dia lhes faltar. Basta que tentem um exercício imaginário, como ter uma vida sem jornais, revistas, rádio ou televisão. Ou, se quiserem, sem jornalismo. Ou apenas neste suporte, exclusivamente na internet. Sim, porque se um dia a informação for produzida e lida apenas em ambiente digital, é preciso que existam condições para a sua existência.
Outro cenário: mesmo hoje, em que os números demonstram a redução do consumo em papel, continuamos, uns mais que outros, a adquirir informação nesse suporte. Como é evidente não lhe passará pela cabeça ir ao quiosque do seu bairro ou da sua rua, ou à loja do centro comercial e pegar na revista que pretende ou no jornal e pirar-se dali sem os pagar. Ora, porque é que no online não se há-de passar o mesmo?
Porque será que as pessoas se julgam no direito de consumir grátis aquilo que custa dinheiro a produzir e é o ganha-pão de todos os profissionais que trabalham em cada publicação em qualquer parte do Planeta?
Não, a publicidade não paga tudo
Há quem diga que a publicidade paga tudo. Bom, mas no papel também há publicidade e a atitude é a outra, a correcta. Ou seja, os conteúdos precisam de ser pagos porque custam dinheiro a produzir. E não há como sair daqui.
A outra questão é, então como monetizamos a informação? A publicidade online ainda que chegue de forma mais eficaz aos destinatários é desvalorizada, cada vez menos é certo, pelos publicitários. Pagam mais facilmente uma página de jornal ou revista do que metade desse valor no online que é bem mais eficaz.
O sonho de qualquer jornalista é que os seus leitores, ouvintes ou telespectadores paguem pelos seus conteúdos. Isto é o que seria lógico. E pode ser assim. Basta que o público se consciencialize de que assim deve ser. Mas este é um caminho, talvez não tão longo como alguns vaticinam, mas que ainda vai demorar algum tempo. Há experiências interessantes quer no Reino Unido quer nos Estados Unidos e que estão a resultar. Mas Portugal tem um problema que é transversal a muitos outros sectores: é pequeno e por isso tem um mercado reduzido.
Acresce a isto que o hábito de consumo de imprensa nunca foi um dos preferidos dos portugueses.
Donativos – uma das nossas soluções. O leitor é que decide
Ora, então como se resolve isto? Aqui na “Empreendedores” decidimos passar à acção. E vamos adoptar várias soluções.
A primeira tem a ver com aquilo que o nosso departamento comercial vai fazer.
Estamos abertos a patrocínios e publicidade, claro, mas o nosso foco vai estar na venda de serviços. Exemplos:
- produção de vídeo e fotografia;
- concepção e produção de websites e app’s, retail radio, design, entre outros.
Serão estas algumas das receitas que nos irão permitir fazer jornalismo com o rigor que se impõe.
E este rigor só existe se uma premissa muito simples se concretizar. A frase é, pelo menos com este sentido, de Francisco Pinto Balsemão, talvez o único verdadeiro grande empresário de comunicação social em Portugal: “só há independência no jornalismo quando há independência financeira.”
A outra medida vai depender muito do nosso mérito. Os conteúdos devem ser pagos mas para isso os leitores ou consumidores, se preferirem, terão que ter um real interesse na informação que produzimos.
Conteúdos diferenciadores que lhes acrescentem valor ao conhecimento que já possuem. Ninguém vai pagar por algo que tem no vizinho do lado e grátis. Voltando ao quiosque e à loja do centro comercial, se bebermos um café pagamo-lo, é evidente, mas se a loja do lado estiver a oferecer um café idêntico parece-me óbvia a escolha.
É por isso que temos que trabalhar a um nível de topo. Descobrir boas histórias, dar notícias, fazer excelentes reportagens nas áreas em que estamos. E será assim que os nossos leitores decidirão se irão contribuir para o jornalismo praticado na “Empreendedores”.
Aqui não vai haver subscrições. Serão os leitores a decidir com o que querem contribuir. A partir de 2 euros apenas, cada um oferece, voluntariamente, o que considerar que o nosso trabalho vale.
Desde já, e antecipadamente, agradecemos todos os contributos, sejam eles maiores ou menores, porque para nós, a parte económica tem a ver com a sustentabilidade do projecto, claro, a questão de princípio é primordial. Vermos que os nossos leitores nos apoiam. E isso não tem preço.
Obrigado por estar connosco.
Paulo Lavadinho
Director