
Recentemente, a Comissão Europeia publicou o Digital Economy and Society Index, que resume os indicadores relevantes sobre o desempenho e a competitividade digital da Europa.
Neste Index constata-se que as grandes empresas estão a tornar-se cada vez mais digitais, enquanto as PMEs estão ainda longe de estar a bordo desse barco.

A monitorização deste índice de integração é feita através dos seguintes indicadores:
- Uso de qualquer medida de segurança de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC);
- Consciencialização dos colaboradores das suas obrigações nas questões relacionadas com a segurança das TIC;
- Velocidade máxima de download contratada da conexão mais rápida à Internet de pelo menos 30 Mbs;
- Uso de software ERP para integração e partilha de informações;
- Uso de social media para qualquer finalidade;
- Uso de software CRM (Customer Relationship Management);
- 50% dos colaboradores usam computadores e internet;
- 20% dos trabalhadores têm dispositivos portáteis para uso comercial;
- Venda on-line (pelo menos 1% do volume de negócios);
- Receção de pedidos eletrónicos (web ou EDI) de clientes de outros países da EU;
- 1% do total de vendas na web em volume de negócios e vendas na web em B2C > 10% das vendas na web.
O que falta fazer para incrementar as estatísticas nas PMEs da indústria do Turismo em Portugal?
Os indicadores são aqueles e o caminho poderá ser a inovação nos modelos de negócio, assim como a redução de custos através da introdução de novas metodologias de trabalho nas vertentes operacional e financeira. Um backoffice digital, será possível? Não ter papel a circular, será possível?
No contacto com inúmeros clientes desta indústria – hotéis, agências de viagem, organizadores de eventos – constato que é comum a utilização de um programa específico de faturação/front-office, mas integrar isto com a logística, economato, contabilidade, RH, gestão de ativos, já não é tão comum ao nível das PME’s.
O uso de social media para divulgação, promoção, vendas online, é uma realidade que, arrisco dizer, existe em todas as empresas de qualquer dimensão, pois hoje a primeira coisa que qualquer consumidor faz é ir a um motor de busca e quem não está lá, não existe. Mas será que foi definida uma estratégia para essa presença? Sabe onde está o seu público-alvo? A sua presença na internet a vários níveis faz-se de forma integrada? Será suficiente ter um site ou será melhor apostar em algo mais dinâmico, algo em que o consumidor possa participar mesmo depois da experiência que lhe proporcionou?
A fidelização de clientes e a gestão de uma base de dados dos mesmos poderá ser algo relevante, uma forma de fazer segundas vendas, em especial em épocas em que a procura seja menos reduzida. Existem soluções acessíveis, sem grande custo, e que podem ajudar a manter a chama acesa com quem já nos visitou ou consultou, como envios de newsletters, vales para redimir numa futura visita ou apenas para desejar um Feliz Aniversário ou Feliz Natal.
E como otimizar as vendas online? Porque não fazer parcerias locais, promover o que é local e ser um ponto de venda daquelas experiências adicionais, tours, visitas a museus? E a compra de souvenirs, aquele vinho, aquele queijo, aquela compota, com entrega ao domicílio?
O desafio foi lançado pela Europa, com a estratégia de digitalização transversal a todas as atividades económicas. Em Portugal, a iniciativa Turismo 4.0, integrada na estratégia Indústria 4.0, pretende acelerar a transição de todo o setor turístico para a economia digital.
O momento que vivemos atualmente deverá ser um estímulo para que todos estejamos a bordo deste barco com a maior brevidade possível. Do ponto de vista económico, esta ameaça poderá ser melhor superada quanto maior for o grau de integração digital das atividades económicas. Depois, será apenas navegar, coisa que para nós portugueses nos é familiar desde a Época dos Descobrimentos!