• Contacto
  • Quem Somos
  • Ficha Técnica
  • Workshops
  • Onde estudar
  • Parques Tecnológicos/Incubadoras
  • Sugestões dos Leitores
Sexta-feira, Março 24, 2023
My WordPress Website
Advertisement
  • Home
  • Opinião
  • Notícias
  • Serviços
  • Anunciar
  • Editorial
  • A Minha História
  • Coworking
Empreendedores
Partilhe no FacebookPartilhe no WhatsApp
Home Opinião

O Desemprego e o Otimismo

Célia Correia Loureiro - Escritora

Um dos trabalhos mais conhecidos de François Marie-Arouet, vulgo Voltaire, é “Cândido ou o Otimismo”. Publicada num século de luzes e de escravidão, esta sátira leva o jovem e ingénuo Cândido a percorrer o globo terrestre e a descobrir como vivem os povos, quais os seus desafios e dificuldades. Em Lisboa, depara-se com o terramoto que abalou os alicerces do pensamento ocidental, e depois de muitas voltas recolhe-se junto da natureza e das pessoas que o acompanharam em parte da sua odisseia, detentor de um conhecimento superior sobre a vida humana: o trabalho enobrece, o ócio depaupera os espíritos.

 

Posto isto, parece que Portugal fechou o ano de 2020 com uma taxa de desemprego de 6,8%, abaixo das previsões do próprio governo. Gostaria de festejar esse pequeno triunfo entre tanta desolação, mas a verdade é que faço parte desses 6,8%. Desde Maio de 2020, dois meses depois de a pandemia chegar a Portugal, o meu trabalho foi-me arrebatado das mãos, e até agora o governo não me dirigiu nenhuma palavra de consolo. Entendo que estão preocupados com questões mais prementes, e outras tais que se alevantam a cada dia, mas o que está este ócio a fazer por mim e pelos outros desempregados?

 

Pela primeira vez na vida, tenho tempo para pensar, para aprender macramé, para escrever artigos e para fazer cursos on-line. Pensar não será perigoso? Que diria Voltaire se soubesse que no século XXI uma pessoa que se veja sem trabalho acaba por ter tempo para compreender que o trabalho escraviza e entorpece, em vez de depauperar os espíritos? Imaginei que ficaria deprimida, sem rumo, angustiada com o amanhã: em parte, fiquei. Mas fiquei sobretudo admirada com o mundo de possibilidades que andava a perder. Afinal é possível aprender a coser, fazer macramé, pegar nos pincéis, redecorar a casa com recurso apenas à imaginação, cozinhar receitas novas, fazer bolos e pão. Enfim, viver. Nunca pensei que nas entrelinhas do trabalho estivesse a minha vida e que, apagando-o, poderia descobrir ainda agora, aos 31, aquilo que me dá prazer, aquilo a que gostaria de devotar os meus dias… Quando se trabalha oito horas por dia desde os 21 anos, perdemo-nos desses pensamentos, prosseguimos em modo “sobrevivência”, perdemo-nos de nós próprios. Penso que Voltaire, em 1759, falava para a aristocracia ociosa, que prosperava em cima do trabalho dos desfavorecidos. Mas que diria a estes últimos, que trabalhavam de sol a sol para o bem-estar de meia-dúzia? Talvez os aconselhasse a parar um pouco, a respirar e a perguntarem-se, posto que estamos em 2021, como planeiam continuar com o resto das suas vidas? Pretendem viver a vida nas entrelinhas, ou em pleno?

Ah, ter de comer e pagar contas é, sem sombra de dúvida, a maior das inconveniências…

Subscrever Newsletter
Sugestão de Leitura

Artigos Relacionados

Opinião

Nós e eles

08/07/2021
Opinião

A fuga premeditada da empregada de Liliana Aguiar

24/05/2021
Opinião

O vizinho do lado

29/03/2021
Load More
Facebook-f
Instagram
Linkedin
Youtube

Subscreva a Newsletter

Política de Privacidade

Termos e Condições

Política de devolução

Copyright 2023 © Empreendedores. Design by Impulsionar.pt
No Result
View All Result
  • Home
  • Notícias
  • Opinião
  • Serviços
  • Anunciar
  • Editorial
  • A Minha História
  • Coworking
  • Ficha Técnica
  • Contacto

© 2020 Designed byImpulsionar.

This website uses cookies. By continuing to use this website you are giving consent to cookies being used. Visit our Privacy and Cookie Policy.

Irá ser contactado muito em breve pela nossa equipa.

Obrigado.

Empreendedores

Fale Connosco