Texto: Benedita Trindade
Manter a comunidade, nestes tempos adversos causados pela pandemia, foi um dos objectivos da Startup Lisboa. Os programas, sempre com o foco na inovação e na sustentabilidade, continuam operacionais e até novos projectos vão avançando no Hub Criativo do Beato
Nascida da vontade dos cidadãos, ao ter sido uma das ideias mais votadas num Orçamento Participativo de Lisboa alguns anos antes da inauguração, viria finalmente a concretizar-se em 2012. A Startup Lisboa é uma incubadora de empresas sediada na Baixa de Lisboa, que conta actualmente com espaços de trabalho para acolher empreendedores e startups nas áreas de tecnologia, comércio e turismo, e até uma residência para empreendedores, a que foi dado o nome de Casa Startup Lisboa.
Iniciativa do Município da capital, esta associação privada sem fins lucrativos tem na sua origem três entidades fundadoras: Câmara Municipal de Lisboa, IAPMEI e Montepio, a que se juntaram posteriormente, também como associadas, a Delta Cafés, a Roland Berger e a Universidade Católica Portuguesa.
Ao longo do seu percurso, já apoiou mais de 400 empresas, tendo actualmente incubadas cerca de 90 startups. Dos seus números fazem parte, 4500 pedidos recebidos, 3500 empregos criados e empreendedores de mais de 40 países, além de um investimento global de 150 milhões de euros arrecadado por start-ups em diferentes rondas de financiamento.
E embora seja consensual no seio da estrutura que todas as startups que integram a sua incubação têm potencial de sucesso— seja pela qualidade dos fundadores e da equipa, pela capacidade de inovação e de criação de valor económico, seja pelo impacto social e ambiental —, podem ser apontados muitos bons exemplos, cujos nomes nos soam cada vez mais familiares em diversos sectores de actividade. É o caso da IndieCampers, no Turismo, da Uniplaces, no Marketplace, da Codacy, na SaaS, da Doppio, no Gaming, da MUSA, na área de Produto, ou da DefinedCrowd, na Inteligência Artificial (IA). De referir, aliás, que é neste âmbito, que o número de projectos que procura a Startup Lisboa se tem destacado com maior evidência, ultimamente.
E depois… a pandemia
Todos sabemos, e sentimos isso na pele duma ou doutra forma, que a situação pandémica que atravessamos à escala planetária “abrandou” o mundo empresarial, e todos os outros também, claro!
Com este cenário, e com um grande número de empresas incubadas, o principal foco da Stratup Lisboa foi, desde logo, a manutenção da comunidade, agora no meio digital. Nunca perdendo de vista o seu propósito, já que é uma das maiores redes de empreendedorismo do ecossistema que junta centenas de empreendedores, mentores e organizações, a estrutura existente continua apostada na construção de um espaço (seja ele físico ou virtual) que permita aos negócios incubados um crescimento mais rápido e também permitir aos empreendedores que sejam de Lisboa, ou com Lisboa na mira, aceder a programas de capacitação.
Programas em curso
Três eixos abrangem os programas mais relevantes na actividade da Stratup Lisboa. No turismo, destaque para o From Start-to-Table, o programa de aceleração para o ecossistema da restauração, ou o Tourism Solutions Now, em parceria com o NEST.
Já na vertente da sustentabilidade, o Women4Climate Lisboa, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa ou o e-Waste Open Innovation, em parceria com a LG e a ERP, pretendem suportar empreendedores na construção de soluções para cidades e indústrias mais sustentáveis.
Na promoção do ecossistema de Lisboa, o Launch In Lisbon, ajuda empreendedores estrangeiros a incorporarem os seus negócios em Lisboa..
O Hub Criativo do Beato
Apesar do contexto, o Hub Criativo do Beato, um dos maiores projectos da Startup Lisboa e no qual passará também a ter a sede, deu passos na concretização dos trabalhos de reabilitação e adaptação dos edifícios dos parceiros, e renovação das infraestruturas comuns. O concurso para a requalificação do espaço foi lançado em Novembro de 2019, devendo as obras estar concluídas no primeiro trimestre deste ano, mas a pandemia não facilitou. Apesar disso, foi apresentado um novo projecto, a Praça, uma área de 1700m2 com refeitório, talho, peixaria, mercearia, mercado de produtos frescos, adega, padaria, charcutaria e queijaria, e ainda uma escola de cozinha.
Vencedor do concurso lançado para a exploração da área de comércio e serviços do Hub Criativo do Beato, dedica-se ao melhor que faz em Portugal, sem esquecer os seus produtores, devendo abrir portas ainda durante este primeiro semestre de 2021. Desde o Verão passado que conta com presença digital em https://apraca.pt.
Cláudia Almeida e Silva é a responsável por este projecto que se assume “como o primeiro Marketplace dedicado à excelência dos nossos produtos e do saber das nossas gentes”.
O Programa da Startup Lisboa dedicado à restauração, From Start-to-Table, que já vai na terceira edição, já premiou projectos como a Why Not Soda, uma marca de refrigerantes biológicos feitos em Portugal, que desenvolveu já uma parceria com a Delta; a Breadfast, serviço de entrega de pequeno-almoço ao domicílio, que foi comprada pela EatTasty; a TempJobs, um marketplace de trabalhadores independentes, que funciona em tempo real; a Miap, uma plataforma digital para restaurantes, bares e hotéis para pedidos e pagamento em apenas 30 segundos; a Kitchen Villages, uma rede de contentores-cozinha, ou o Fumeiro do Mar, que se dedica à produção de cavala fumada naturalmente, permitindo a diversificação do consumo de peixe, de forma sustentável.