Por Ana Martins e Sónia Rodrigues
“Todos se devem sentir representados por este novo organismo, sem exceção.”
A garantia é da direção do novo Núcleo Empresarial da Região do Alto Alentejo (NEAA), através da voz de João Pires, vice-presidente.
“O caminho é este: Que o NEAA represente todos e aqui não estamos a excluir ninguém, inclusive o NERPOR, no dia em que se quiser associar a nós tem a porta aberta”.
A Associação Empresarial da Região de Portalegre NERPOR- AE, foi criada há 36 anos, na cidade de Portalegre e era a única existente antes do surgimento do NEAA.
“Um retrocesso na organização empresarial da região” – NERPOR
Para o Presidente do NERPOR, Jorge Pais, o surgimento deste novo núcleo de empresários “é um retrocesso”.
“Penso que foi um retrocesso na organização empresarial da região, claramente divisionista e fraturante. Nasce pela negativa e em assumido confronto com o Nerpor, com quem ambas as associações fundadoras deste novo núcleo tinham assinado um protocolo, que não beliscando em nada a absoluta autonomia e independência dessas associações, lhes assegurava a participação como vice-presidentes de direção do Nerpor, que alterou os seus estatutos para permitir esta solução agregadora, fazendo com que o empresariado falasse a uma só voz”.
Mais de 1000 empresários: “Números são claramente empolados”
O NERPOR tem cerca de 250 associados. Jorge Pais considera que os “mais de mil empresários” anunciados pelo novo Núcleo “são claramente empolados”.
“Quanto aos empresários congregados, são no mesmo número que existiam antes como associados das duas associações fundadoras deste novo Núcleo. Portanto não há nada de novo! É evidente que tal como já acontecia antes, os números são claramente empolados, contabilizando-se como associados empresas que apenas tiveram qualquer relação pontual com as associações, em projetos de formação ou outros. Seguindo os mesmos critérios, também o Nerpor que tem cerca de 250 associados poderia multiplicar por 2 ou 3 esse número. As associações comerciais de onde surgem a ACIPS e a AEElvas sempre tiveram um elevado número de associados, quer pela exiguidade das quotas a pagar, quer pela intervenção que tinham nas contratações coletivas do comércio”, explicou o responsável.
A direção do NEAA diz querer ser representativa de todos e lança o desafio ao NERPOR convidando-o a juntar-se a este novo Núcleo.
Jorge Pais estranha estas afirmações e recebe-as como provocatórias.
“São realmente estranhas tais afirmações, na medida em que nunca se verificou qualquer abordagem nesse sentido com o Nerpor, apesar de o atual Presidente do NEAA ser membro da Direção do Nerpor, nunca manifestou qualquer descontentamento ou critica para com o Nerpor, recusando mesmo encontrar-se depois da denúncia do protocolo connosco, para refletir sobre possíveis soluções”.

“Total falta de frontalidade e correção de procedimentos”, diz Jorge Pais
O Presidente do NERPOR prossegue na sua análise, afirmando que “o protocolo foi secamente denunciado, sem absolutamente nenhuma justificação nem qualquer tentativa de encontrar possíveis alternativas. Houve uma total falta de frontalidade e correção de procedimentos, sendo este processo envolvido por algum secretismo e ausência de transparência. Há uma clara assunção do confronto com o Nerpor, de quem se separaram criando uma nova Associação num momento em que todos reconhecem existirem demasiadas Associações, estando a ocorrer todo um esforço a nível nacional para agregar o movimento associativo, não podendo, pois, deixar de se lamentar e estranhar esta opção de rutura e clivagem, em particular numa região de baixa densidade que pelas suas debilidades carece enormemente de conjugação de esforços e atuação conjunta”.
“Até a designação pretende imitar o Nerpor”
“Não se percebe de resto que existindo já essa conjugação do movimento associativo a nível regional a ACIPS e a AEElvas sem qualquer justificação viessem com secretismo e total ausência de frontalidade criar formalmente este novo núcleo que até na designação pretende imitar o Nerpor. Aliás, se tivessem toda a capacidade mobilizadora e representatividade que alegam possuir com toda a facilidade e naturalidade “tomariam conta” do Nerpor.
Deste modo, as referidas afirmações, parecendo ser hipócritas, só podem entender-se ou no domínio do “politicamente correto” ou abertamente com um caracter provocatório”, desabafa Jorge Pais.
Empresários não se sentiam representados pelo NERPOR
O NERPOR assume-se “como uma entidade associativa de grande importância na defesa, não só dos interesses dos empresários, como também dos interesses regionais, numa perspetiva mais global”.
Contudo, os empresários e dirigentes associativos, nomeadamente os “pais” do NEAA têm uma opinião bem diferente do trabalho desenvolvido ao longo de décadas por este organismo.
“Nós o que sentíamos é que não havia ninguém que nos representasse a nível distrital. Ao não estarmos de acordo com a forma como o NERPOR está a fazer a gestão deste território empresarial, as duas associações – Elvas e Ponte de Sor, saíram e revogaram o protocolo que tínhamos com eles”, informou João Pires.
Até à data, entre o NEAA e o NERPOR não houve qualquer interação ou diálogo, assegurou João Pires.
“Não tivemos qualquer feedback por parte do NERPOR. Nós nunca faremos nada que vá contra os objetivos distritais dos empresários. Não há qualquer rivalidade, porém o NERPOR vai fazer o seu caminho e nós fazemos o nosso”, concluiu.
“Buscam outro protagonismo pessoal e institucional”
Opinião bem diferente tem sobre esta matéria Jorge Pais, o Presidente do NERPOR.
“A criação deste novo núcleo empresarial não parte das empresas, tendo sim sido desencadeado por dois ou três funcionários dessas associações que buscam outro protagonismo pessoal e institucional, tendo conseguido “vender” esse projeto aos respetivos orgãos estatutários, os quais, insisto, nunca manifestaram a menor discordância com as posições do Nerpor, antes primando pela mais completa ausência de participação ou intervenção, apesar de insistentemente solicitados pelo Nerpor para esse efeito.
O atual Presidente do NEAA e o Presidente da ACIPS, tal como o da AEElvas, NUNCA quiseram participar ao longo destes anos nas reuniões da Direção do Nerpor, ou outro tipo de eventos para que sempre foram convidados.
As empresas não têm do associativismo uma visão clubística como a existente no futebol, aceitam naturalmente todo o apoio que lhes possa ser prestado venha de onde vier.
Não foram, pois, garantidamente as empresas que iniciaram quaisquer atitudes divisionistas do movimento associativo, continuando a ter o apoio que sempre tiveram por parte das associações a que pertencem.
O Nerpor conforme é reconhecido por todas as instituições atuou sempre em defesa de todos os empresários da região, funcionando em instalações próprias sem qualquer tipo de apoio ou ligação privilegiada com qualquer autarquia, pautando sempre a sua conduta pela mais completa independência e equidistância política, nunca discriminando entre associados e não associados, antes apoiando sempre as empresas e os seus legítimos interesses fossem elas de onde fossem.
A ACIPS como a AEElvas funcionam em instalações cedidas pelas respetivas autarquias, recebendo este apoio para o exercício das suas atividades, esperando-se que esta clivagem a nível associativo não contagie também o relacionamento autárquico, o que seria bastante negativo para a região.
Nos órgãos sociais do Nerpor sempre tiveram presentes, desde sempre, empresas de toda a região do Alto Alentejo, marcando bem a sua abrangência e atuação territorial.
Ao contrário desta nova entidade, o Nerpor tem uma linha de pensamento pública e estruturada sobre a estratégia e as prioridades que a região deve seguir para um maior desenvolvimento económico e social.
O Nerpor tem o reconhecimento, respeito e consideração das instituições regionais, nacionais e até internacionais pelas exposições públicas e intervenções sociais que ao longo de todos estes anos sempre promoveu, lutando denodadamente e de forma isenta pelos interesses económicos e sociais da região”, afirmou este responsável.